sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Contabilizando os danos

O homem é um bicho sádico. Quantas vezes vemos um passarinho em uma gaiola cantando tristes suas melodias de agonia? A mesma melodia que encanta o homem que o prendeu a ponto de exibi-lo para os amigos como um troféu.
O homem quer mudar. Nunca está contente com nada.
Quantas vezes vimos uma mulher linda, inteligente, se casar com um indivíduo e pouco tempo depois não sabemos mais seu paradeiro? Ela deixa de ser a mulher que andava na moda, se afasta dos amigos, se descaracteriza em nome de um bom relacionamento. Por sorte a emancipação feminina nos livrou de muitos casos como esse, mas ainda se encontra exemplos por ai.
Quando recordamos a ditadura dos anos 60, a censura, as extradições, as mortes, os desaparecimentos inexplicáveis onde famílias inteiras eram dizimadas. Pais de família que jamais foram encontrados, gente que foi impedida de dar seu grito. O homem erra, muitos dos gritos dos anos 60 foram reivindicando a simples condição de liberdade de se expressar, mesmo errando. Poder dizer o que pensa, poder gritar contra as injustiças de um governo, poder participar dele e dar pitacos nos seus desmandos. Muitos desses gritos eram sem razão, mas mesmo assim eram gritos que direito.
Uma pessoa se caracteriza pela sua maneira de ser. Existem pessoas boas, simples, de personalidade pacata, que quase não se destacam. Existem pessoas carne de pescoço, chatas, pessoas que irritam, dizem merdas, mas continuam com o direito de dizê-las, não podem ser expulsas de um recinto apenas por demonstrar sua natureza. A não ser,claro, que ofenda seu semelhante, ai sim, deve ser eliminado do lugar, tirado de circulação para que não prejudique os demais.
Eu sou uma pessoa passional. Sou ansiosa, barraqueira, não consigo ver uma injustiça e solto meu grito. Para defender uma causa que acredito, uso das armas que tiver à mão, sejam elas quais forem. Fui muito admirada por isso e muitas vezes recebi depoimento, scrap e e-mails me parabenizando de ser assim. Mas, sabe-se que a passionalidade tanto pode levar à desgraça, como ao erro. Errei sim, muitas vezes por conta disso. Fui julgada, condenada, discutida, horas a fio. Desafetos se aproveitaram para comer um pouco da carne exposta, como urubus, e o pior, eu estava viva, doía a cada mordida.
Agora me pedem para voltar. Uma Me diferente? Uma Me mais ponderada? Uma Me acuada? Não seria uma Me. Eu estou numa reunião íntima. Tenho decisões a tomar. Pois estou descaracterizada por um erro que cometi. Me sinto uma ex presidiária procurando emprego.
Mas de tudo isso tirei uma coisa maravilhosa: “Meus amigos”. Poucos, mas de verdade. Daqueles que você caga e correm te ajudar a limpar a merda. Daqueles que no teu erro demonstram o porquê de serem teus amigos. Amigos verdadeiros. E foda-se a virtualidade, meu choro não foi virtual. A mão deles me ajudando também não foi. E o principal, a defesa, o Bar praticamente virou um tribunal. E meus grandes amigos tomaram minha defesa. Eu amo todos eles. E vou pagar essa causa ganha com reciprocidade e uma grande carga de amor. Pois essa característica a Me ainda não perdeu.

Me

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