segunda-feira, 24 de maio de 2010

RELOGIO HUMANO







Prefácio


“Tempo, tempo, tempo, faço um acordo contigo…” diz a letra da canção, colocando o tempo como um ser animado com quem podemos falar e tentar fazer um acordo. Que tipo de acordo faríamos com ele? Pediríamos que passasse mais devagar? Porém, isso nos daria um tédio terrível! Pediríamos que voltasse para que pudéssemos reformular nossa vida? Será que mudaríamos alguma coisa?
Nietzsche, quando falava do tempo, dizia que vivíamos num eterno retorno. Para ele o tempo é algo circular e não linear. Penso que o filósofo tem razão: o tempo são ciclos que se repetem: embora não sejamos nunca os mesmos, vivemos ciclos muitos parecidos.
O fato de sermos finitos e de morrermos faz com que tenhamos medo da passagem do tempo que nos leva inexoravelmente ao envelhecimento e à morte. Assim, o homem busca na religião, nas artes, na literatura e em outras tantas áreas do conhecimento humano respostas para algumas questões.
Mariângela Padilha, como toda boa poeta, também se debruça sobre essa questão do tempo e o faz com maestria. Suas poesias trazem essa inquietação que move os artistas, intelectuais, filósofos e todos os seres humanos: as angústias que permeiam a nossa existência, a perplexidade diante dos fatos da vida que não entendemos muito bem com a razão, mas que falam ao nosso sentimento.
Nesse livro seus poemas falam de amor com lirismo, de dor com sentimento, de problemas sociais sem ser panfletária. Carregados de lirismo revelam a profunda sensibilidade artística da poeta. Destilam emoção sem serem piegas.
Para não alongar muito esse prefácio, pois creio que os leitores estão ansiosos pelos poemas, recorro a uma frase de Nietzsche: “A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!”.


Geralda AparecidaDias
Um lindo dia de maio, outono de 2010

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