sexta-feira, 7 de março de 2008

URUCUBACA (Dura de Matar II)


Acordou novamente com vontade de morrer. Era sempre assim. Um dia conseguiria.
O marido trocara-a por uma ninfeta.
O cachorro contraira Parvovirose, morrera há dois dias.
Recebera uma ordem de despejo.
Tinha o nome no Serasa, Procon e adjacências.
Tinham-lhe tomado o carro por falta de pagamento.
Foi ao cemitério levar flores à mãe que falecera há um ano e tropeçou numa cova aberta. Não deu noutra, caiu lá dentro, a sete palmos. Faltava só jogarem terra.
Na volta para casa uma pomba cagou em sua cabeça.
Hoje tinha todos os motivos, não ia falhar, faria o serviço.
Pegou a caixinha de sonífero e despejou os comprimidos na mão e...
-Merda! Não me restou nem coragem...Jogou o tudo pela janela. Não foi dessa vez.
Espalhou as contas sobre a mesa e foi para o quarto. Lá pelo centésimo carneirinho, adormeceu.
No outro dia percebeu algo diferente: A casa estava com a porta entreaberta, gavetas reviradas, geladeira aberta. Tinha entrado ladrão...
Em cima da mesa, ao lado das contas, um bilhete chamou sua atenção:
"Que urucubaca minha senhora! Não se preocupe, não vou levar nada...Deixei uma pequena ajuda para as despesas". Duas notas de cem reais cintilavam junto aos papéis...

Um comentário:

Anônimo disse...

bom blog..
bons textos...

sou nova aqui...

se puder venha ao meu blog, leia o meu texto e comente...

cumprimentos