segunda-feira, 9 de julho de 2007

João da Silva em apuros - Cap IV





As coisas mudaram no escritório. Como num passe de mágica passei a trabalhar somente 8 horas por dia, de segunda a sexta e durante dois meses tive 80 horas extras somadas ao salário. No começo me senti mal com a situação, depois pensei: E as horas que trabalhei a mais sem ganhar nada? Era mais do que justo.
Os dias se passaram e pedi para retirar minhas horas extras, pelos meus cálculos já estava tudo pago. Ana me chamou de burro, Adolfo, de idiota. Enfim, o importante é que me sentia melhor assim, só com meu salário de fome.
O Chefe era uma pessoa arrogante, vez por outra humilhava o pessoal da limpeza, da cozinha, os porteiros, sempre menosprezando a todos. Um dia me chamou à sua mesa e disse:
-Refaça esse relatório. Está uma merda!
-O que o senhor não gostou?
-Tudo. Você fez um serviço de porco.
-Aponte os erros, por favor. Eu estava me segurando.
-Eu não mexo em lavagem de porco. Faça de novo. Jogue esse fora.
Foi instintivo. Meu punho se fechou e joguei-o para trás com um murro bem no meio do olho esquerdo. Foi um grito alucinante que se ouviu.
Todos vieram em seu socorro.
-Seu merda! Vai sair daqui por justa causa.
-Tenta doutor. Vamos, me demita.
-Cala essa boca seu verme.
-Quer outro? To morrendo de vontade de acertar seus dentes seu filha da puta. Quem pensa que é para falar assim comigo?
-Está me ameaçando? O chefe levantou-se e ficou ao lado do digitador, um negro de dois metros de altura.
-Façamos o seguinte chefe. Chame a polícia. Vamos resolver isso na lei. Eu bati em sua excelência, portanto mereço cadeia. Todos os criminosos merecem cadeia. Que tal? Vamos resolver isso na delegacia?
Ele ficou branco. Pela primeira vez lembrava do assalto. Havia esquecido que João da Silva sabia da armação.
-Não é caso para tanto. Eu reconheço que exagerei chamando seu relatório de merda. Você me pegou num mal dia. Vamos até minha sala resolver isso.
-Não doutor. Já esta tudo resolvido. O senhor esta sendo inteligente. Eu sempre o achei meio burro, to vendo que estava errado.
-Eu posso recompensá-lo por todo esse transtorno...
-Não é preciso doutor. Nem todo mundo respira grana nessa vida. Eu to bem do jeito que estou. Só quero respeito.
Mal sabia João que tinha assinado sua sentença. Estava ferrado, talvez não fosse apagado, mas um corretivo com certeza ia ter.
João foi para casa e escutou o que sua mulher dizia sobre o ocorrido com muita atenção.
-Meu querido, a bosta já está feita. Você não podia ter socado o homem, mas já que fez, vamos pensar numa saída.
-Acha mesmo que ele vai se vingar?
-Se eu acho? Tenho certeza. Essa gente não presta. Mas talvez você possa dar a volta por cima, vou pensar. Agora vá tomar um banho e esfrie a cabeça homem.

(continua...)








2 comentários:

Doctor t. disse...

Pelo que eu percebí, ele ( conto ) tá rolando redondinho. vc tá mantendo a tencão, como deve ser um folhetin ( novela ). comecei a ler hoje, mas tô curioso pelo próximo capitulo !!!!!

Vai lá MEzuka !! prendá-nos no seu blog !!!!!!

besos

Marco Ermida Martire disse...

Está bacana! Boa tensão...